Inveja na Psicanálise: relação com Desejo, Narcisismo e Falta Estrutural
Inveja na Psicanálise: relação com Desejo, Narcisismo e Falta Estrutural
O Texto aborda que é a inveja na psicanálise segundo Freud e Lacan e como a inveja está ligada ao desejo inconsciente, à falta estrutural e ao narcisismo.
A inveja é um sentimento complexo que permeia a vida emocional humana, envolvendo desejo, frustração e ambivalência. Na psicanálise, diferentes autores oferecem perspectivas que ajudam a compreender suas raízes e implicações, entre eles Sigmund Freud e Jacques Lacan.
Inveja segundo Freud: a ferida narcisista e a raiva
Embora Freud não tenha dedicado um estudo exclusivo à inveja, ele a abordou em vários momentos de sua obra. Para Freud, a inveja está ligada à raiva e ao ressentimento que surgem diante da percepção da superioridade ou da posse do outro. Esse sentimento está relacionado à ferida narcisista, quando o sujeito se percebe insuficiente ou privado diante do que o outro tem.
Em textos como Moisés e o Monoteísmo (1939), Freud destaca como a inveja pode alimentar tanto conflitos internos quanto tensões sociais, revelando-se como uma emoção fundamental que impulsiona rivalidades e defesas psíquicas. A inveja, para Freud, é uma força que pode ser canalizada em mecanismos como o recalque ou a projeção, tornando-se parte dos sintomas neuróticos e das dinâmicas do ego.
Inveja segundo Lacan: a falta estrutural do sujeito
Jacques Lacan, que revisita e expande as ideias freudianas, insere a inveja dentro da estrutura do desejo e da falta que constituem o sujeito. Para Lacan, o desejo humano é sempre mediado pelo que o Outro deseja, e a inveja nasce da constatação da falta irremediável que define a existência subjetiva.
No Estádio do Espelho, momento crucial do desenvolvimento infantil segundo Lacan, a criança se reconhece na imagem do outro e começa a se construir como sujeito. É nesse processo que surge a inveja, o desejo do que o outro possui, que o sujeito sente não ter, incluindo a plenitude ilusória do eu refletido.
Lacan também associa a inveja ao conceito do objeto a, o objeto causa do desejo, que representa aquilo que o sujeito busca incessantemente, mas nunca pode possuir plenamente. Assim, a inveja manifesta a dimensão estrutural da falta e do desejo que move o sujeito no campo psíquico.
Tanto Freud quanto Lacan reconhecem a inveja como um sentimento fundamental na dinâmica psíquica. Para Freud, ela está ligada à raiva e à ferida narcisista, que impulsionam conflitos internos e defesas. Para Lacan, a inveja é expressão da falta estrutural do sujeito e do desejo mediado pelo Outro, sendo parte do processo de constituição subjetiva.
Entender a inveja sob estas perspectivas pode ajudar a pessoa que faz análise a acolher esse sentimento ambivalente, pois trata-se de uma via para a elaboração emocional e a construção de relações mais autênticas.
Referências bibliográficas - ABNT
FREUD, Sigmund. Moisés e o Monoteísmo. São Paulo: Ed. Imago, 1939.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro XI: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1985.
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