O que Freud diz sobre a fantasia? Conceitos fundamentais e implicações clínicas
O que Freud diz sobre a fantasia? Conceitos fundamentais e implicações clínicas
Freud aborda o conceito de fantasia em diferentes momentos de sua obra, e ele tem nuances importantes dependendo do contexto. Em linhas gerais, para Freud, a fantasia é uma atividade psíquica que cumpre funções fundamentais no aparelho mental — tanto para o sujeito neurótico quanto para a estrutura da vida psíquica em geral.
Os principais pontos são:
- Fantasia como realização de desejo
No ensaio "Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental" (1911), Freud afirma que as fantasias são realizações de desejo, que é uma forma de satisfazer mentalmente o que não pode ser satisfeito na realidade.
“As fantasias são realizações de desejo, correções da realidade insatisfatória.”
- Fantasia e neurose: no texto "A neurose e a psicose" (1924) e "Escritores criativos e devaneio" (1908), Freud observa que os neuróticos criam fantasias como substitutos de experiências frustradas. Essas fantasias podem ser recalcadas, formando o núcleo de muitos sintomas.
O neurótico não abandona o desejo, apenas o recalca, e a fantasia persiste de forma inconsciente, sustentando conflitos internos.
- Fantasia originária: em alguns textos clínicos ("Recordar, repetir e elaborar", "A história de uma neurose infantil" – o caso do Homem dos Lobos), Freud propõe a ideia de fantasias originárias, como a fantasia da cena primária (ato sexual entre os pais), da sedução e da castração.
Essas fantasias não são lembranças reais; são construções psíquicas universais que organizam o inconsciente e estruturam a subjetividade e funcionam como molduras simbólicas para o desejo e a angústia.
- Fantasia e sexualidade infantil: a fantasia também está no centro da teoria da sexualidade. A criança constrói fantasias para dar sentido às suas sensações corporais, à ausência de explicações sobre a origem dos bebês, e à diferença sexual. Essas fantasias têm função criadora e defensiva.
- Fantasia e criação artística: no texto "Escritores criativos e devaneio" (1908), Freud aproxima a fantasia do devaneio, da imaginação e da criação literária. O artista, diferentemente do neurótico, transfigura suas fantasias em obras culturais.
Em resumo, para Freud, a fantasia é:
uma forma de realização de desejo;
uma ponte entre o inconsciente e o consciente;
um suporte do sintoma neurótico;
uma estrutura simbólica fundamental na vida psíquica.
Ela está presente em todos nós, tanto nos devaneios do cotidiano quanto nas formações sintomáticas e nas produções culturais.
Na clínica, a fantasia na psicanálise é uma ferramenta para entender como o paciente vive emocionalmente suas experiências. Mais do que conteúdo, é uma estrutura de sentido que a pessoa organiza o mundo interno, e que o trabalho clínico pode revelar, acolher e transformar.
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Fantasia na Psicanálise: o que Freud diz sobre nossos desejos e conflitos
Sigmund Freud aborda o conceito de fantasia (Phantasie) em diferentes momentos de sua obra, atribuindo-lhe significados distintos conforme o contexto clínico e teórico. Em linhas gerais, a fantasia na psicanálise é entendida como uma atividade psíquica fundamental, presente tanto na constituição do sujeito quanto na origem dos sintomas neuróticos.
A seguir, apresentamos os principais sentidos da fantasia no pensamento freudiano:
🔹 Fantasia como realização de desejo
No ensaio "Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental" (1911), Freud afirma que as fantasias inconscientes são realizações de desejo, que é uma forma de satisfazer mentalmente aquilo que não pôde se realizar na realidade.
“As fantasias são realizações de desejo, correções da realidade insatisfatória.”
Nesse sentido, a fantasia funciona como um meio-termo entre o mundo interno e externo, mantendo viva a experiência do desejo mesmo diante das frustrações do cotidiano.
🔹 Fantasia e neurose
Nos textos "A neurose e a psicose" (1924) e "Escritores criativos e devaneio" (1908), Freud observa que os neuróticos constroem fantasias como substitutos simbólicos de experiências frustradas ou traumáticas.
Essas fantasias são frequentemente recalcadas e passam a operar de forma inconsciente, sustentando conflitos internos e servindo de base para a formação de sintomas.
O neurótico não abandona o desejo, ele recalca. A pessoa não deixa de desejar, porém ela empurra o desejo pra longe da consciência e o desejo fica no inconsciente. E a fantasia inconsciente permanece ativa, moldando o sofrimento psíquico.
🔹 Fantasia originária
Em textos como "Recordar, repetir e elaborar" (1914) e "A história de uma neurose infantil" (1918) — o famoso caso do Homem dos Lobos — Freud apresenta o conceito de fantasias originárias.
Essas fantasias, como a da cena primária (ato sexual entre os pais), da sedução e da castração, não são lembranças reais, mas construções psíquicas universais. Elas organizam o inconsciente, estruturam a subjetividade e funcionam como molduras simbólicas para o desejo e a angústia.
🔹 Fantasia e sexualidade infantil
A fantasia tem papel central na teoria da sexualidade infantil. A criança, diante de sensações corporais intensas e lacunas de sentido (como a origem dos bebês ou a diferença sexual), cria fantasias para dar forma psíquica a essas experiências.
Essas produções têm tanto função criadora quanto função defensiva, sendo fundamentais na constituição do sujeito.
🔹 Fantasia e criação artística
No texto "Escritores criativos e devaneio" (1908), Freud estabelece uma ponte entre fantasia, arte e devaneio. Enquanto o neurótico recalca e sofre, o artista sublima: transforma suas fantasias em obras simbólicas, compartilháveis e culturalmente reconhecidas.
A arte, nesse contexto, é uma elaboração estética da fantasia — uma via de expressão para conteúdos inconscientes.
Em resumo, para Freud, a fantasia inconsciente:
realiza desejos recalcados;
constrói uma ponte entre o inconsciente e o consciente;
está na base dos sintomas e formações do inconsciente;
organiza o mundo interno do sujeito de forma simbólica.
Na clínica psicanalítica, a fantasia é uma via de acesso fundamental à vida emocional do paciente. Ela permite compreender como o sujeito vive seus conflitos, interpreta afetos e se defende da dor psíquica.
Mais do que conteúdo, a fantasia é uma estrutura de sentido e o trabalho analítico pode revelá-la, acolhê-la e transformá-la.
Referências bibliográficas:
FREUD, Sigmund. Escritores criativos e devaneio. São Paulo, Ed. Imago, 1908.
FREUD, Sigmund. Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. São Paulo, Ed. Imago, 1911.
FREUD, Sigmund. Recordar, repetir e elaborar. São Paulo, Ed. Imago, 1914.
FREUD, Sigmund. História de uma neurose infantil (O caso do Homem dos Lobos). São Paulo, Ed. Imago, 1918.
FREUD, Sigmund. A neurose e a psicose. São Paulo, Ed. Imago, 1924.
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